Governo recua e libera R$ 4 bilhões para o agro após pressão do setor

Governo recua e libera R$ 4 bilhões para o agro após pressão do setor

(Imagem: Agência O Globo)

Após cortes inesperados no crédito rural, o governo se viu pressionado pelo agronegócio e anunciou um crédito emergencial de R$ 4 bilhões para o Plano Safra. A medida visa minimizar os impactos da suspensão de linhas subsidiadas, mas ainda não dissipou a desconfiança do setor.

Entenda o contexto

O Plano Safra 2024/2025, o maior da história, prevê R$ 476 bilhões em crédito para produtores rurais. No entanto, na última semana, o governo federal surpreendeu o setor ao suspender algumas das principais linhas de financiamento subsidiadas. A decisão, tomada sob o argumento de ajuste fiscal, gerou forte reação de associações e entidades do agro, que alertaram para os impactos negativos na produção, no abastecimento e, consequentemente, na inflação dos alimentos.

Com a dificuldade de acesso a crédito barato, muitos produtores teriam que arcar com custos elevados para manter suas operações, o que poderia gerar aumento nos preços e afetar toda a cadeia produtiva.

O recuo do governo

Diante da pressão e do risco de um atrito maior com um setor estratégico para a economia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a liberação emergencial de R$ 4 bilhões por meio de uma Medida Provisória (MP). Para viabilizar os recursos sem comprometer o orçamento, o governo utilizou um crédito extraordinário, que não entra no cálculo do arcabouço fiscal e, portanto, evita problemas de conformidade com a regra do teto de gastos.

A promessa do governo é de que os financiamentos serão retomados já na próxima semana, garantindo que os produtores possam acessar os recursos a tempo para a nova safra.

O agro segue desconfiado

Apesar da liberação emergencial, a relação entre o governo e o agronegócio continua tensa. Setores ligados à produção agropecuária questionam se essa medida será suficiente para cobrir as necessidades de crédito ao longo do ano ou se novas restrições podem surgir adiante.

Outro ponto de atenção é o impacto político da decisão. O agronegócio representa cerca de 22% do PIB brasileiro e tem um peso significativo na economia e na geração de empregos. Qualquer movimento de restrição financeira pode gerar instabilidade, afetando desde os produtores até os consumidores finais.

O governo, por sua vez, precisa equilibrar o compromisso com a responsabilidade fiscal e a necessidade de manter o setor produtivo abastecido com crédito acessível. O desenrolar dessa questão será fundamental para entender os rumos da economia e da política agrícola no Brasil nos próximos meses.

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