A retórica da intimidação: Putin testa míssil nuclear “invencível” de alcance ilimitado

A retórica da intimidação: Putin testa míssil nuclear “invencível” de alcance ilimitado

A Rússia elevou o nível de alerta global ao concluir com sucesso o teste de um novo míssil de cruzeiro com propulsão nuclear, o 9M730 Burevestnik, apelidado pela OTAN de SSC-X-9 Skyfall.1 O presidente Vladimir Putin celebrou o armamento, classificando-o como “invencível” para as defesas antimísseis atuais e futuras, e com um alcance praticamente ilimitado.2

O teste, supervisionado por Putin, foi realizado na última terça-feira, com o míssil percorrendo 14 mil quilômetros em um voo de cerca de 15 horas.3 Segundo o chefe do estado-maior das forças armadas da Rússia, Valery Gerasimov, o “teste crucial” foi concluído e agora a infraestrutura necessária será preparada para colocá-lo em operação.4


Propaganda de guerra e o risco de escalada na Europa

Apesar da celebração russa, analistas militares veem o anúncio como uma manobra política e de intimidação. O analista militar da Sky News, Sean Bell, afirmou que os comentários de Putin são “apenas retórica”. “Não há absolutamente nenhum benefício para a Rússia em se envolver em uma troca nuclear. Tudo isso é uma tentativa de manter o Ocidente à distância enquanto continua a lutar em sua invasão na Ucrânia”, disse Bell.

O analista ressaltou que, mesmo com o apoio ocidental, a Ucrânia continua a perder território, ainda que lentamente. Bell levantou um alerta: “Se a Ucrânia cair de repente — Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia, quem será o próximo?… e isso compromete a segurança europeia.”

A demonstração de força da Rússia, que também supervisionou testes de suas forças nucleares estratégicas, ocorre em meio a ataques brutais na Ucrânia.5 Três pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em um ataque noturno com drones em Kyiv, com a força aérea ucraniana relatando ter abatido 90 dos 101 drones russos lançados. O teste do míssil nuclear é, portanto, um elemento de pressão geopolítica em um momento crítico da guerra na Europa.

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