Brasil pressiona EUA para excluir café, suco de laranja e aviões de tarifa de 50%
O governo brasileiro intensificou as negociações diplomáticas com os Estados Unidos na tentativa de evitar que produtos estratégicos como café, suco de laranja e aviões da Embraer sejam atingidos por uma nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente e atual candidato Donald Trump. A medida, que deve ser oficializada na próxima sexta-feira, prevê um aumento de até 50% sobre produtos importados, com impacto direto sobre setores cruciais da economia brasileira.
Segundo fontes diplomáticas, o Itamaraty está articulando com representantes da Casa Branca para que os três produtos fiquem de fora da nova política protecionista. A proposta tem respaldo parcial em declarações recentes do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que indicou que produtos sem fabricação local, como café e cacau, poderiam ser isentados.
A preocupação do Brasil é concreta:
- Suco de laranja: o Brasil é responsável por 95% da produção mundial exportada, e os Estados Unidos absorvem 42% desse volume. Se a tarifa for aplicada, o impacto pode ultrapassar R$ 4,3 bilhões por ano.
- Café: os americanos compram 17% do café exportado pelo Brasil. Como não há substitutos à altura no mercado internacional, um aumento no custo poderia comprometer a oferta e a estabilidade do setor.
- Embraer: com US$ 3 bilhões em ativos nos EUA e cerca de 3 mil funcionários em solo americano, a fabricante brasileira de aeronaves estima que as tarifas podem elevar em até R$ 50 milhões o custo de cada avião, com perdas superiores a R$ 20 bilhões até 2030.
Apesar da gravidade do cenário, fontes próximas ao Palácio do Planalto indicam que o presidente Lula, embora tenha sido aconselhado a intervir pessoalmente, não deve telefonar para Donald Trump antes da publicação oficial das tarifas, marcada para sexta-feira. O gesto é avaliado como arriscado do ponto de vista diplomático, diante da instabilidade do ambiente político nos EUA e do momento eleitoral.
A decisão final do governo norte-americano será acompanhada com atenção por setores do agronegócio e da indústria brasileira, que veem nas tarifas um possível revés comercial de grandes proporções.



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