O Brasil está com o saldo no vermelho em suas transações com o exterior, um sinal que acende o alerta no mercado financeiro. O balanço das transações correntes, que mede quanto o país paga e recebe do resto do mundo, registrou um déficit de US$ 79 bilhões nos últimos 12 meses até setembro. O montante equivale a 3,6% do PIB e significa, na prática, menos dólares circulando na economia nacional.

A principal causa do rombo tem um nome claro: remessas de lucros e dividendos. O dinheiro que empresas estrangeiras lucram no Brasil e enviam de volta para seus países de origem atingiu US$ 39 bilhões entre janeiro e setembro, superando o valor registrado no mesmo período de 2024.

O custo do digital e a vulnerabilidade do futuro

O aumento dos gastos com serviços internacionais também contribui para o déficit. O consumo crescente de streamings, jogos, serviços de nuvem e apostas online faz com que mais dólares saiam do Brasil a cada assinatura ou transação.

Apesar da preocupação, o Banco Central argumenta que o país ainda consegue equilibrar as contas graças ao fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED), que somaram US$ 75,8 bilhões nos últimos 12 meses. Contudo, analistas de bancos privados alertam para o risco iminente: se a tendência de saída de capital se mantiver, em 2025 o Brasil pode registrar um déficit maior do que a entrada de investimentos, algo que não acontece há 10 anos. Esse cenário de vulnerabilidade pode impactar a taxa de câmbio e a estabilidade econômica do país.