Virada no Mercado: Salário de informais e autônomos cresce mais rápido que o de CLTs
O mercado de trabalho brasileiro vive uma mudança de ritmo que inverteu a lógica histórica. Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou que, no segundo trimestre de 2025, o salário médio de trabalhadores informais e autônomos cresceu mais do que o de quem tem carteira assinada (CLT), na comparação anual.
Enquanto a renda média dos CLTs teve um crescimento de 2,3%, os trabalhadores autônomos viram seus rendimentos subirem 5,6%, e os informais registraram um salto de 6,8%. Para os trabalhadores sem carteira, o valor de R$ 2.213 de renda média alcançou o maior nível desde 2012, quando a série de dados foi iniciada.
A redução da diferença e o novo desafio da Previdência
Embora a renda média absoluta dos celetistas (R$ 3.171) ainda seja maior, a diferença em relação aos autônomos (R$ 2.955) está encolhendo drasticamente. Há apenas quatro anos, em 2021, o salário dos CLTs superava o dos autônomos em 25%. Hoje, essa diferença caiu para apenas 7,3%.
Essa mudança de tendência tem um efeito colateral preocupante: a pressão sobre o sistema previdenciário. O crescimento de plataformas de trabalho autônomo, como Uber e iFood, e o aumento exponencial de MEIs (Microempreendedores Individuais) significam que mais pessoas estão fora da cobertura previdenciária tradicional.
O modelo MEI, embora garanta o direito à aposentadoria, cobra um imposto (5% do salário mínimo) que não é suficiente para cobrir os futuros benefícios. Essa “renúncia fiscal” do modelo MEI atingiu R$ 6,44 bilhões no final de 2024, um aumento de 24,4% em relação ao ano anterior. O crescimento da informalidade e do trabalho por plataforma coloca em xeque a sustentabilidade do sistema de seguridade social brasileiro.



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