O Brasil se vê diante de um cenário de tensão política com dois dos principais poderes da República em rota de colisão. Enquanto a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) avança no julgamento que pode levar à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu círculo mais próximo por tentativa de golpe de Estado, o Congresso Nacional se articula para aprovar uma anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

O movimento no Legislativo, liderado pelo governador Tarcísio de Freitas — nome cotado para a disputa presidencial de 2026 —, ganha força nos bastidores. O debate, no entanto, é sobre a extensão do perdão: a ala mais radical do bolsonarismo defende uma anistia ampla, que poderia até reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, enquanto lideranças do Centrão, representadas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defendem um texto mais moderado, que diferencie os executores dos planejadores e garanta apenas a redução de penas.

O objetivo do Congresso é claro: escrever uma rota paralela à decisão do Judiciário e, assim, tentar esvaziar os efeitos de uma possível condenação.

A defesa de Bolsonaro e o ataque à imparcialidade de Moraes

Enquanto o Congresso tramita a anistia, o julgamento no STF avança. Na sessão desta semana, a defesa de Bolsonaro sustentou que o ex-presidente é inocente e que não há provas que o liguem aos atos golpistas. Os advogados criticaram a rapidez do processo e a delação de Mauro Cid, que foi classificada como “inconfiável”.

Em um movimento ousado, a defesa do general Augusto Heleno colocou a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes em xeque, alegando que “uma mesma pessoa busca a prova e decide a partir da prova que ela mesma produziu”.

A sessão será retomada na próxima terça-feira e o desenrolar dos fatos poderá selar o destino político de Bolsonaro e o futuro da relação entre o Judiciário e o Legislativo.