Escândalo de corrupção abala o governo Milei e expõe fragilidade política

Escândalo de corrupção abala o governo Milei e expõe fragilidade política

Em uma das piores semanas de seu governo, Javier Milei viu sua narrativa anticorrupção ser abalada por um escândalo de proporções gigantescas. O epicentro da crise é Diego Spagnuolo, o ex-chefe da Agência Nacional de Deficiência (Andis), cuja demissão por decreto se seguiu à divulgação de áudios que revelam um suposto esquema de propinas na compra de medicamentos para dependentes.

A crise é um golpe direto no coração do governo libertário. Nos áudios, um homem, que seria Spagnuolo, fala de um suposto sistema de cobrança de até 8% de “retorno” nas compras de medicamentos, em um esquema que envolveria Eduardo “Lule” Menem, um dos principais assessores de Karina Milei, a secretária-geral e braço-direito do presidente.


O pânico no poder e a falta de controle

A reação do governo tem sido de paralisia. Fontes na Casa Rosada e no Congresso argentino admitem que estão “às cegas”, temendo a divulgação de mais gravações e documentos que podem emergir do celular e dos computadores apreendidos pela Justiça.

A ação rápida da Justiça argentina, que confiscou o material, impede que o governo controle a narrativa ou avalie a extensão do dano. A falta de uma resposta clara e unificada, com o próprio presidente Milei evitando comentar o assunto, expõe uma crise de comunicação e uma fragilidade inédita no governo, que agora tenta culpar a oposição por uma suposta “operação” política.


O choque com a retórica libertária

O escândalo cria um abismo entre o discurso de austeridade e o “não tem dinheiro” e a realidade de um sistema que, supostamente, permite a cobrança de propinas em áreas tão sensíveis como a saúde de pessoas com deficiência.

A revelação de que um dos principais assessores de Karina Milei estaria envolvido no esquema é um desafio direto à imagem de probidade que o governo tentou construir. A crise expõe a contradição entre a promessa de uma “batalha cultural” e as velhas práticas políticas, mostrando que, por trás do discurso de ruptura, as estruturas de poder podem permanecer as mesmas.

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