Trump defende ofensiva total de Israel contra o Hamas e suspende negociações de cessar-fogo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotou um novo tom em relação ao conflito em Gaza, ao afirmar nesta sexta-feira (25) que Israel deve “terminar o trabalho” contra o Hamas. A declaração marca uma mudança significativa no discurso da Casa Branca, que até recentemente apontava para uma resolução próxima entre as partes envolvidas.
Trump ordenou a retirada de seus negociadores das tratativas de cessar-fogo, alegando que o grupo palestino “não está coordenado” e “não age de boa fé”. O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, afirmou estar avaliando “alternativas” para garantir a libertação dos reféns ainda em poder do Hamas.
A postura mais dura de Trump veio acompanhada de críticas diretas ao grupo. “Acho que eles querem morrer, e isso é muito, muito grave”, disse o presidente antes de embarcar para a Escócia. “Chegou a um ponto em que é preciso terminar o trabalho.”
A mudança no posicionamento dos EUA foi interpretada por analistas como um possível movimento estratégico para pressionar o Hamas, mas também gerou preocupação entre diplomatas envolvidos nas negociações, que classificaram a suspensão dos diálogos como um “terremoto político”. Apesar disso, autoridades do Egito e do Catar, que atuam como mediadores, minimizaram o impasse e afirmaram que interrupções são comuns em processos dessa complexidade.
Enquanto isso, Israel mantém a ofensiva militar, que já dura quase dois anos, mesmo diante do agravamento da crise humanitária em Gaza. Um alto funcionário israelense disse que as negociações “ainda não estão encerradas” e que existe espaço para retomada, desde que o Hamas “se reconecte com a realidade”.
A frustração de Trump com os rumos das tratativas ficou evidente ao mencionar suas conversas recentes com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que classificou como “decepcionantes”. O presidente sugeriu que, com menos reféns em jogo, o Hamas não vê mais vantagem em negociar. “Eles sabem o que acontece depois que os últimos reféns forem soltos. Por isso, basicamente, não quiseram fazer um acordo.”
Apesar do discurso de endurecimento, integrantes do governo americano indicaram que o objetivo é levar o Hamas de volta à mesa de negociações. A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, declarou que o presidente e seu enviado especial têm “muitas ferramentas à disposição” e que espera avanços em breve, embora tenha evitado fixar prazos.
A urgência por um acordo cresce à medida que a situação humanitária se deteriora. Imagens recentes de crianças desnutridas em Gaza geraram comoção internacional. Durante uma reunião com o conselheiro de Trump para assuntos africanos, Massad Boulos, o presidente da Tunísia, Kais Saied, mostrou fotografias de crianças comendo areia por falta de alimentos. “É inaceitável. É um crime contra toda a humanidade”, disse.
Trump, por sua vez, responsabilizou o Hamas pela obstrução da ajuda humanitária e ressaltou que os EUA já destinaram US$ 60 milhões em alimentos e suprimentos. “Esperamos que o dinheiro chegue lá, porque, como sabemos, muitas vezes ele é desviado. Mas contribuímos bastante”, declarou. Um relatório interno do governo americano, no entanto, não encontrou evidências de que o Hamas esteja desviando esses recursos.
Enquanto isso, aliados históricos dos EUA começam a adotar posições mais críticas. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, classificou como “indefensável” a escalada militar israelense. Já o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou a intenção de reconhecer o Estado Palestino na próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro — decisão considerada ofensiva por Israel e duramente criticada pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Trump, por outro lado, minimizou o gesto francês. “Essa declaração não tem peso. Gosto dele, é um bom sujeito, mas isso não muda nada.”
A crise continua sem previsão de desfecho, enquanto a pressão internacional cresce e os sinais de colapso humanitário se intensificam.



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