Israel aceita proposta de cessar-fogo dos EUA; Hamas avalia enquanto pressão internacional cresce
O tabuleiro geopolítico no Oriente Médio acaba de registrar um movimento relevante: Israel aceitou oficialmente uma proposta de cessar-fogo mediada pelos Estados Unidos, enquanto o Hamas analisa os termos com o que chamou de “alto senso de responsabilidade”. O anúncio veio da Casa Branca nesta quinta-feira, e pode representar uma trégua significativa em um conflito que já se arrasta há mais de um ano.
Segundo informações da Reuters e do New York Times, a proposta prevê uma pausa inicial de 60 dias nos combates e a ampliação da ajuda humanitária por meio de operações coordenadas pela ONU. O plano foi costurado pelo enviado especial do presidente Donald Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, que já havia sinalizado nos últimos dias um “sentimento positivo” sobre um caminho possível para a paz.
A batalha da diplomacia e a urgência humanitária
Enquanto os líderes negociam, a situação no terreno segue crítica. Após 11 semanas de bloqueio total à entrada de alimentos e suprimentos, cerca de 2 milhões de palestinos em Gaza enfrentam risco real de fome, segundo a ONU. A recente entrada em operação da Gaza Humanitarian Foundation (GHF) — grupo privado apoiado pelos EUA e autorizado por Israel — tenta amenizar o colapso, mas enfrenta duras críticas de agências humanitárias que a consideram uma resposta “insuficiente e improvisada”.
Na terça-feira, o lançamento da operação foi marcado por cenas de desespero: milhares de civis correram em direção aos pontos de distribuição, forçando seguranças privados a recuar. Ainda assim, a GHF afirma ter fornecido 1,8 milhão de refeições e planeja abrir novos centros de distribuição nos próximos dias.
Entre o fim das armas e o início da reconstrução
Para que a proposta de paz avance, um grande impasse precisa ser superado. Israel exige a devolução imediata dos 58 reféns ainda em poder do Hamas e a completa desmilitarização do grupo, que controla politicamente a Faixa de Gaza. Por outro lado, o Hamas busca garantias de fim dos bombardeios, entrada contínua de ajuda e reconstrução da região.
Análise econômica: paz tem custo — e valor
Do ponto de vista econômico, o cessar-fogo representa mais que um respiro: é uma janela estratégica para reconstrução regional, retomada de fluxos comerciais e, sobretudo, estabilização geopolítica em um dos territórios mais voláteis do planeta. A paz, mesmo temporária, reduz prêmios de risco e reacende a esperança de cooperação internacional para a reconstrução de Gaza.
Contudo, os desafios são imensos. Reconstruir Gaza exigirá bilhões de dólares em investimentos e uma diplomacia hábil para evitar que o ciclo destrutivo se repita. A aceitação de Israel à proposta norte-americana é um passo ousado, mas ainda incerto. O mundo observa atentamente — e torce para que, desta vez, a diplomacia consiga fazer o que a guerra nunca conseguiu: garantir um futuro.



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