Déficit do INSS deve crescer mais de quatro vezes até 2100, aponta governo

Déficit do INSS deve crescer mais de quatro vezes até 2100, aponta governo

Sistema previdenciário enfrenta cenário insustentável com envelhecimento da população e queda na taxa de natalidade.

O futuro da Previdência Social no Brasil levanta preocupações crescentes. Projeções do próprio governo federal indicam que o déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve saltar dos atuais 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB) para 11,59% até o ano de 2100 — um crescimento de mais de quatro vezes.

O dado acende um alerta sobre a sustentabilidade do sistema, que funciona sob o modelo de repartição simples: os trabalhadores da ativa financiam os benefícios dos aposentados. Com o envelhecimento da população e a queda na taxa de natalidade, essa equação se mostra cada vez mais difícil de fechar.

População ativa em queda

Nos últimos anos, a estrutura etária do país passou por mudanças significativas. Hoje, o número de brasileiros com 40 anos ou mais já supera o de crianças de até 4 anos. Enquanto o grupo mais jovem soma 12,7 milhões, os adultos acima de 40 anos representam 36,2% da população. A tendência é de aumento contínuo da população idosa e redução do número de jovens ingressando no mercado de trabalho.

Entre 2010 e 2024, a população em idade ativa (entre 16 e 59 anos) já encolheu quase 20%. Esse encolhimento compromete diretamente a capacidade de financiamento do sistema previdenciário.

Reforma insuficiente

A Reforma da Previdência aprovada em 2019 buscou amenizar o problema, com medidas como a fixação de idade mínima para aposentadoria e tempo mínimo de contribuição. No entanto, especialistas apontam que as mudanças foram apenas paliativas e não resolveram o desequilíbrio estrutural do sistema.

Sem um fundo individual de reserva e com a contribuição dos ativos cada vez menor em relação ao número de beneficiários, o modelo atual caminha para uma pressão fiscal crescente nas próximas décadas.

Perspectivas

O avanço do déficit previdenciário deverá impactar não apenas os aposentados atuais, mas também as gerações mais jovens, que poderão enfrentar regras ainda mais rígidas ou incertezas sobre o próprio direito à aposentadoria.

O cenário desafia o governo e o Congresso a discutir novas soluções estruturais para garantir a viabilidade do sistema em longo prazo, sem comprometer o equilíbrio fiscal e os direitos sociais.

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