O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica morreu aos 89 anos, vítima de um câncer com o qual lutava há meses. A informação foi confirmada nesta terça-feira (13) pelo atual presidente Yamandú Orsi.

Conhecido mundialmente por seu estilo de vida austero, Mujica foi guerrilheiro, senador, ministro, e presidente do país entre 2010 e 2015. Deixou uma marca singular na política latino-americana ao viver com simplicidade extrema, mesmo no cargo mais alto da nação. Recusava luxos, dirigia seu Fusca 87, morava em uma chácara modesta e sempre defendeu que “quanto mais se tem, menos se é feliz”.

Mujica integrou o grupo armado Tupamaros e passou quase 15 anos preso durante a ditadura militar uruguaia, sendo mantido em condições desumanas. Ainda assim, sobreviveu sem ressentimentos. “Na vida há feridas sem cura, e é preciso aprender a viver com elas”, dizia.

Durante seu governo, impulsionou reformas sociais importantes, como a legalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a regulamentação da maconha. Tornou-se um símbolo global de coerência e humildade na política.

Antes de morrer, Mujica pediu para não ser mais entrevistado: “Já terminou meu ciclo. Estou morrendo e o guerreiro tem direito ao seu descanso.” Ele faleceu em sua chácara, como desejava, aos pés da árvore onde havia enterrado sua cadela Manuela.